Partido CIDADANIA diz que “não é apêndice do MPLA”

O Vice-presidente do Partido de Iniciativa de Cidadania para o Desenvolvimento de Angola, (CIDADANIA) Afonso de Antas Miguel, negou no sábado, 19 de Abril, em Luanda, as acusações de que aquela formação política é uma apêndice do MPLA, partido que governa o país há 50 anos e de que foi militante.
Por: Albino Azer
Foi durante uma entrevista colectiva que o político negou as especulações de que o Partido de Iniciativa de Cidadania para o Desenvolvimento de Angola, (CIDADANIA), recentemente legalizada, seja uma apêndice ao MPLA formação política de que ele e o seu Presidente, Júlio Bessa são oriundos.
“Não somos apêndice. É só olhar para o discurso do presidente durante a convenção. A coisa é muito clara de que estamos a falar de questões que trazem uma abordagem completamente diferente. Nada temos haver com projeto político de disputa pelo poder, mas pelo projecto político de construção de um país”, disse Afonso de Antas Miguel.
Entretanto, reconheceu, por outro lado, a existência do “risco” de serem conotados com o MPLA.
“E daqui resulte a possibilidade de sermos uma continuidade ou de sermos apêndice do MPLA, aceitamos com alguma legitimidade, mas se olharem para o discurso político que estamos apresentar na praça política, evidentemente vão perceber que há um afastamento completo”, referiu.
Afonso de Antas Miguel debruçou-se também do processo de transição para independência de Angola (1975-2025) que considera não ter sido complementado com um projeto de constituição de país, por isso, a seu ver, o processo acabou transformar-se apenas num espaço de disputa política pelo poder.
“O nosso entendimento é de que temos que dar um passo a frente dizer que a política tem de estar ao serviço de um projecto de país e este projecto deve ser discutido”, disse
Para o número dois do Partido Iniciativa de Cidadania para o Desenvolvimento de Angola (CIDADANIA), é crucial que se encontre consenso sobre o país, pois, é o que o seu partido se propõe em trazer para o debate político em Angola.
Entretanto, Afonso de Antas Miguel admitiu que a sua militância dentro do MPLA, partido que governa o país, deu, durante a sua estada, possibilidade de perceber por dentro como é que o processo político e de administração de gestão do país foi sendo feito durante os 50 anos de independência.
“E é evidente que nós tínhamos que sair de um lado e a nossa experiência, no nosso caso particular, eu e o presidente Júlio Bessa é de que fomos militantes do MPLA. Isso nos dá também a capacidade de não só apresentar abordagens críticas sobre o que se passa no país, mas de nos comprometer em apresentar uma solução diferente daquela que existe até hoje”, destacou o vice-presidente do partido CIDADANIA.
O dirigente não descartou a possibilidade de congregar os antigos militantes do MPLA que residem na diáspora, aliás, já se tem cogitado na possibilidade de a empresária Tchizé dos Santos vir a integrar as fileiras do partido liderado por Júlio Marcelino Vieira Bessa, formação política anotada pelo Tribunal Constitucional (TC) no mês de Julho de 2025.
“Há um espaço em que todos aqueles que durante esse processo político foram afastados ou mesmo injustiçados perceberem que estão diante de uma oportunidade de fazer um coisa diferente. Esperança porque ao ponto em que chegamos na abordagem do próprio país e na forma de governançao do país que trouxe essa desilusão geral, quase transversal a toda sociedade, nós representamos uma nova esperança para os jovens porque o país é mais deles que nosso. Então essas duas dimensões do nosso projeto político é que nos animam e nos dão a percepção de que abordamos o assunto da forma certa no período, na época e na oportunidade certa”, avançou.
Afonso de Antas Miguel disse ser imperioso construir-se um país que dê esperança de vida ao angolanos que por várias razões abandonaram o país.
“Poderíamos exportar tudo para diáspora, menos angolanos. Nos temos que ter a capacidade de restruturar o país para que o processo seja inverso, ou seja, para que os da diáspora voltem para Angola com esperança de que encontrarão um país organizado doutra forma e que lhes de a expectativa e a esperança que se precisa”, prometeu.
Aquela figura política destacou, por outro lado, que o seu partido trabalha para garantir que os angolanos de Cabinda ao Cunene tenham facilidade na emissão de Bilhetes de Identidade (BI). No seu entender, o exercício de cidadania começa com o BI.
“O projecto cidadania tem antes de mais nada ajudar os cidadãos angolanos para que tenha BI. Neste momento estamos a criar condições materiais e logísticas. Estamos a tratar de criar as sedes províncias para que os cidadãos possam nos localizar com facilidade”, garantiu, destacando que “quem quer construir um novo país e tem o projecto da nossa dimensão só tem de ter pretenção de ser Governo. Queremos ser um partido de mensagem e não de presença física porque as pessoas quando votam votam na mensagem e não na pessoa física”, afirmou aos jornalistas.