Liberdade de Imprensa: Presidente da UNITA lamenta declínio da liberdade de imprensa e afirma que jornalistas se tornaram eco do governo e reféns as ordens

O Presidente do maior partido na oposição em Angola (UNITA), Adalberto Costa Júnior, lamentou que o país tem sofrido um declínio na liberdade de imprensa. O líder da oposição, disse que os cidadãos que tem pago a facturas da comunicação pública não têm beneficiado destes serviços.
Por: Redação PI
“Pagamos todos. Eu, tu, qualquer cidadão. Pagamos a fatura da comunicação dita pública. Mas, na prática, o que recebemos de volta?”
A Constituição fala em pluralismo, em debates abertos, em espaço para todas as vozes, especialmente as vozes políticas. Mas o que vemos é silêncio programado. Os debates sumiram. E com eles, sumiu também a ideia de cidadania activa.
Adalberto Costa Júnior, afirma que, hoje, a imprensa pública não é do povo. É do partido que governa. E nem se esforçam para disfarçar. Rádios, televisões e jornais sob controlo direto ou indireto de quem tem poder político. Usam empresas para maquilhar a posse. Mas todos sabemos a verdade: o controlo é político e absoluto.
E os jornalistas? Muitos tornaram-se eco do governo, reféns da ordem que vem de cima. Onde devia haver investigação, há propaganda. Onde devia haver confronto de ideias, há aplausos encomendados.
Mas não é só isso. A crise econômica também entra em cena. O mercado publicitário está sufocado. A comunicação privada, que deveria ser um pilar do pluralismo, luta para sobreviver. E mesmo assim, não tem acesso aos fundos públicos que sustentam os meios estatais. Isso é injusto. Porque a comunicação privada presta serviço público, informa, educa, dá voz a quem não tem.
Sem imprensa livre, não há cidadania. Simples assim. Não se pode esperar participação de um povo se os canais de informação estão trancados, algemados, sob comando.
E aqui está um ponto crítico: o Presidente da República não pode continuar a ser quem escolhe e demite os gestores da comunicação pública. Não pode. Isso destrói a credibilidade, mata a autonomia e sabota o interesse nacional.
O povo já não acredita nesses órgãos. E com razão. Foram aprisionados. E quem os prendeu deveria, no mínimo, ter consciência do dano que está a causar à democracia.