Zimbabué: Líder da oposição denuncia “fraude” e intimidação nas eleições
O líder da oposição no Zimbabué, Nelson Chamisa, denunciou hoje “fraude” e “obstáculos óbvios” nas eleições presidenciais e legislativas, “um caso clássico de manipulação analógica que remonta à Idade da Pedra”.
Numa conferência de imprensa, o líder da Coligação de Cidadãos para a Mudança (CCC) acusa a União Nacional Africana do Zimbabué-Frente Patriótica (ZANU-PF), no poder desde a independência em 1980, de mergulhar o país na crise ao “manipular” uma eleição tensa, marcada por longos atrasos nas mesas de voto e atos de intimidação dos eleitores.
O Zimbabué realiza hoje as nonas eleições da sua história, num contexto de dúvidas sobre a transparência de um plebiscito que deverá reeleger o Presidente, Emmerson Mnangagwa.
Mnangagwa, 80 anos, parte como favorito contra o líder da oposição, Nelson Chamisa, graças, em grande medida, a uma política de repressão que apagou as esperanças dos que viam nele uma alternativa ao seu antecessor, Robert Mugabe, deposto na sequência de um golpe militar em novembro de 2017.
São cerca de 6,5 milhões os zimbabueanos que podem eleger o seu Presidente, os 350 deputados ao parlamento — 270 para a câmara baixa (que reserva às mulheres 60 assentos) e 80 para o senado — e ainda os representantes dos Conselhos Locais.
O partido de Mnangagwa, a ZANU-PF, detém a maioria em ambas as câmaras do parlamento, seguido pela coligação liderada por Chamisa.
As três votações decidirão o rumo dos próximos cinco anos de um país ainda indissociavelmente ligado aos 15 anos de guerra civil (1965-1980) que marcaram a sua independência do Reino Unido.