Analistas consideram “indisciplina orçamental” autorização da implantação da Angosat-3 enquanto milhares de angolanos morrem com a fome

O Presidente da República João Lourenço autorizou recentemente a celebração de um acordo de crédito à exportação junto da instituição financeira francesa Société Générale, no valor global de 189,9 milhões de euros (194,2 mil milhões de kwanzas), para a materialização do projecto de implementação de um satélite de observação de terra denominado Angosat-3.


Por: Albino Azer

O acordo, que vai contar com a cobertura da Agência de Crédito à Exportação Francesa (Bpifrance AE), com um financiamento de 85% do valor do contrato comercial, inclui 100% do prémio de seguro da SERV e é justificado com uma como uma “medida que vai trazer inúmeros benefícios para o desenvolvimento económico e tecnológico do país”.

De acordo com o Segundo Despacho Presidencial n.º 206/24, de 6 de Setembro, o Presidente João Lourenço autorizou também a celebração de um acordo de crédito comercial, junto da mesma instituição financeira, de 35,2 milhões de euros (36 mil milhões de kwanzas), para o financiamento do down payment (pagamento inicial) correspondente a 15% do contrato comercial, incluindo 100% da taxa de mitigação de risco.

À ministra das Finanças foi delegada, com a faculdade de subdelegar, a proceder à assinatura dos referidos acordos e de toda a documentação relacionada com os mesmos, em nome e representação da República de Angola.

Reagindo a esta medida do PR, o analista social, João Cardoso, defendeu que a ideia faz toda diferença para o povo angolano atendendo a globalização, mas afirma, por outro lado, que olhando para o nosso tecido social João Lourenço peca por não estabelecer prioridades a julgar pelas dificuldades com que o povo angolano se debate.

Por sua vez, o economista Heitor Carvalho, numa entrevista exclusiva ao Primeiro Impacto, nesta quarta-feira, diz não haver explicações claras dos benefícios que o projecto trará para a população, nem como se traduzirá em números, e questiona se o Satélite-3 está no Orçamento Geral do Estado (OGE).


“não é possível termos projecto aprovados sem que sejam demonstrados em números, ao contrário dessa que é demonstrada apenas em conversas fazendo entender os menos esclarecidos, que o projecto é útil”, disse.


Ao Primeiro Impacto, o economista explicou ainda que a execução de projetos não orçamentados, pode se refletir em indisciplina orçamental.
Heitor Carvalho entende que o Estado angolano tem gastado dinheiro em coisas insignificantes para o soberano povo.

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