União Africana preocupada com as perdas de alimentos em África

A comissária da União Africana para a Agricultura, Desenvolvimento Rural, Economia Azul e Desenvolvimento Sustentável considerou, na última terça-feira, em Nova Iorque, que os níveis de perdas de alimentos pós colheita em África são suficientes para satisfazer as necessidades alimentares anuais de cerca de 48 milhões de pessoas.


Por: Albino Azer

De acordo com um comunicado que o Primeiro Impacto teve acesso, Josefa Sacko intervinha à margem da Assembleia Geral das Nações Unidas, que decorre desde segunda-feira, num evento organizado pelo “World Resource Institute”, que serviu para desencadear acções destinadas a reduzir a perda e o desperdício de alimentos.


A diplomata angolana indicou que a perda quantitativa total de alimentos na África Subsaariana foi estimada em 37 por cento, equivalente a 100 milhões de toneladas métricas por ano. Relativamente aos cereais, referiu, estima-se que o valor das perdas pós-colheita equivale a cerca de 4 mil milhões de dólares por ano, situação que contribui para a insegurança alimentar e está na origem de mais de 35,4 mil milhões de dólares de importações em África.


“É necessário que se aumente a disponibilidade de alimentos sem colocar pressão adicional sobre o ambiente e a economia para produzir mais alimentos, pois chegou o momento de reforçar os compromissos globais em relação às acções colectivas para catalisar investimentos para reduzir a perda e o desperdício de alimentos de forma sustentável”, defendeu.


Josefa Sacko assegurou que o desenvolvimento agrícola e os sistemas alimentares de África registaram um crescimento significativo nas últimas duas décadas, uma vez que o sector Agrícola está a tornar-se um dos que mais crescem a nível mundial.


Apesar destes avanços, admitiu que persistem desafios, em especial no que diz respeito ao cumprimento dos ambiciosos objectivos e metas do Programa Integrado para o Desenvolvimento da Agricultura em África (CAADP), incluindo as guerras e conflitos no continente e outros impactos negativos das alterações climáticas, que perturbaram, significativamente, o sector Agrícola de África.


“Apesar dos esforços e dos progressos realizados em vários países para alcançar a segurança alimentar, o continente africano não está no bom caminho para cumprir as metas de segurança alimentar e nutricional dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável, no que concerne à fome zero para 2030, às metas da Declaração de Malabo de 2014 de acabar com a fome e todas as formas de desnutrição, bem como reduzir para metade as perdas pós-colheita até 2025”, vincou.


A comissária da União Africana (UA) defendeu que o investimento na redução das perdas e dos resíduos alimentares deve deixar de ser considerado facultativo e passar a ser uma necessidade imperativa para os esforços de alcançar a segurança alimentar e nutricional em sistemas alimentares sustentáveis no continente.

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