Meu velho Amigo e companheiro MV Furtado
Melhores saudações
Encontramo-nos sempre em momentos cruciais da nossa caminhada política. Estou em Lisboa e juntos mais uma vez para novos combates.
Segue o texto em anexo que marca o início deste novo combate e como sempre a sua opinião e sabedoria é fundamental para o sucesso.
ACJ o herói e vilão da UNITA
Por: JMC
Igual a si próprio, Adalberto Costa Júnior (ACJ), como preferiu dar-se a conhecer em Angola aos angolanos foi sempre uma figura polémica, narcisista, conflituosa e irascível. Em Lisboa, era conhecido como o Eng.º Adalberto da Costa Júnior, o AD ou Beto para os seus séquitos. Ainda muito jovem, assumiria a pasta de Representante da UNITA em substituição de Alicerces Mango, diplomata hábil e desconfiado que viria desempenhar as funções de Secretário Geral da UNITA no período pós Bicesse. ACJ é um quadro competente, um político completo, tem a sagacidade de um jaguar, uma cultura acima da média, é trabalhador e um excelente orador, sobretudo, com os medias, mas é rancoroso. Tem experiência e como defendo nos meus círculos, daria um excelente Ministro da Relações Exteriores, pois é hábil negociador e marqueteiro por excelência, salvo o neologismo brasuca.
Porém, ACJ, não é um líder consensual, não é um líder carismático, não é um líder entusiasta, muito menos um lider de massas, que saiba ouvir, senão a ele mesmo, é na sua essência um líder tecnocrata. A UNITA é um Movimento/Partido de massas. Entre outras fraquezas, não é um poliglota e não domina nenhuma língua materna, importante para o nosso contexto angolano. Ora, é um erro de cálculo transformar a UNITA num partido elitista, em partido de quadros, enviusado ao centro direita, anulando o seu ADN de Movimento/Partido de esquerda Maoista ou centrista.
Em Portugal, logo após o descalabro do processo de 1992, ACJ impôs aos filhos de altos dirigentes, alguns dos quais saídos das custódias do Trópico, do MINDEF, entre outros locais, inclusive órfãos, a obrigatoriedade de assinatura de um documento a reconhecerem que eram da UNITA e não fantoches. Imaginem por exemplo o Makanga, que ainda carregava as sequelas dos ferimentos nos maxilares, cujo pai foi um dos primeiros a tombar em Malange assinar tal documento ou o Geninho, educado pelo primo/irmão Alicerces Mango, assinar tal documento, a falecida filha primogénita do Alcides Sakala, a Lulu Jamba, filha da irmã da Gilo, a Miraldina Jamba, o Betinho Jamba, irmão do menos polémico Sousa Jamba, entre outros, outros e outros para não alongar a lista. Salva excepção foi a Tidinha Sapalalo que mereceu um apoio diferenciado, de todos os outros. Nem mesmo as irmãs, Ana Bela e Alice, esposa do Tony Chivemba mereceram tal tratamento VIP. Esta decisão mesquinha de ACJ esteve na origem do afastamento de uma boa parte dos quadros jovens que encontraram em Portugal porto seguro para darem continuidade aos seus estudos médios e superiores. Aliás, até então ACJ era amigo do peito de Rui Galhardo, entre nós Rui Silva, de Zé Pedro Catchiungo, do Carlos Morgado e Celita esposa deste, de Rui Oliveira, do Jójó, do Joffre Justino, do Carlos Fontoura e Fátima Roque.
As divisões, entre ACJ e amigos, começam a partir do momento em que Carlos Morgado, avança com o projecto da Comissão Política para Libertação dos Presos Políticos em Angola -CPLPPA – salvo erro, uma iniciativa que tem o apoio do Jonas Savimbi e que reabilita a imagem de Carlos Morgado e ajuda milhares de angolanos a escaparem dos fuzilamentos selectivos promovidos pela inteligência do MPLA e, outros a saírem do país. Ao nível de Portugal, Carlos Morgado consegue apoios médicos e medicamentos para auxiliar o interior do País e bolsa de estudos que beneficiou a maior parte dos filhos de quadros e dirigentes da UNITA mortos ou presos em Angola. As bolsas viriam a beneficiar igualmente filhos de militantes da UNITA em Portugal e jovens refugiados em Portugal. É aqui onde entra o apoio que o aprendiz de canalização João Pinto (polémico deputado do MPLA) recebe apoio de Bolsa, mas não financeiro. Recordamos que era o início das Universidades privadas em Portugal e havia bolsas com isenção de propinas, para os PALOPS e Angola, tinha a lista de estudantes vindas da embaixada, sector dos estudantes, e da UNITA, sector de quadros da Representação. Algumas universidades defendiam um certo equilíbrio para não beneficiar uns e deixar outros de fora.
O sucesso da CPLPPA, rapidamente acelerou a crispação interna entre os velhos amigos e, ACJ como exímio manobrador, impõe como poucos, à Jonas Savimbi a criação do Cargo de Vice representante. ACJ, vai buscar um quadro do Norte, branco de Malange, o meu bom amigo José Manuel Amaral Costa e procura rapidamente esgotar a influência crescente de Carlos Morgado que se afigura como o bom PAI branco dos “fracos e oprimidos” negros da jamba e não só. Junta-se à Carlos Morgado, Luís Trigo, Isaac Wambembe, Doroteia, Tininha Fortuna, Zé Pedro Catchiungo, Bento Ezequias, o homem das comunicações, Rui Silva, Rui Oliveira e Joffre Justino. E com eles todos os estudantes com bolsas internas e externas, inclusive os bolseiros provenientes das FALA nas FAA que faziam as Académias Militares em Portugal.
Jonas Savimbi, não concorda com a criação do novo cargo de Vice representante que teria como missão o apoio das comunidades, auscultação dos militantes e assuntos domésticos, ficando ACJ a coordenar a diplomacia, assuntos empresariais, políticos e imprensa. ACJ, encontra neste figurino um escudo pretoriano para não ser importunado pela plebe e assuntos menores. No nº 82 do 1º andar da Rodrigo da Fonseca só tinha acesso os notáveis, nem os quadros do Terra Angolana tinham acesso salvo o seu director Raimundo Sotto Mayor e por marcação. A imposição do cargo, levaria Jonas Savimbi a convocar Rui Galhardo e Rui Silva, em 1995, ao Bailundo para explicarem o que se passava na Representação.
ACJ, controla a punho a linha editorial do Jornal Terra Angolana, levando mais tarde, Jonas Savimbi a questionar e afirmar “não reconheço o Terra Angolana como um Jornal da UNITA” na abertura do 8º Congresso da UNITA em 1996. Em 1996, ACJ tenta por todos os meios ser recebido por Jonas Savimbi, no bailundo sem sucesso. Acabaria por ser recebido por Alcides Sakala, o boss das Relações Exteriores. A desobediência, viria custar-lhe o cargo e Jonas Savimbi, agastado com os excessos de ACJ, voltaria antes de cortar todos os contactos a questionar-lhe, “se não terminaste os estudos, porquê que se intitula de engenheiro?”. Jonas Savimbi aconselha-o a voltar a estudar, a concluir as unidades curriculares em falta.
ACJ naquela época, tal como hoje, ficou reduzido ao apoio de uns amigos no interior tais como Camalata Numa, Amós Chilingutila, António Dembo, Altino Bock e em Lisboa de uma minoria elitista, snob e distanciado das bases que constituem o apoio natural da Organização. Daí à queda foi um passo, Alcides Sakala seria enviado para realizar um inquérito ou auscultação para apurar o estado da Representação. Pouco tempo depois, sai a equipa de ACJ. Sobrevive apenas Carlos Fontoura, Corte Real Sequeira e Bento Ezequias. Entra uma nova equipa, mas pouco tempo depois surgem as Sanções da ONU, são encerrados os escritórios da UNITA, vem o Embargo de contas, limitação da mobilidade dos diplomatas da UNITA. Neste contexto, surge uma nova oportunidade para ACJ e Jonas Savimbi, despacha-o para Itália onde com o apoio do padre Bongo entre outros iria fazer um notável trabalho de diplomacia oficioso. Passa o tempo só não passa a vontade e a morte de Jonas Savimbi e António Dembo, daria a oportunidade dos quadros e diplomatas da UNITA, regressarem a Angola para reunificarem o Partido, dividido entre a Comissão de Gestão chefiada pelo então Secretário Geral Lucamba Gato, a UNITA Renovada a cabeça com Jorge Valentim e Eugénio Manuvakola e a Missão Externa chefiada por Isaías Samakuva. De lisboa saem Zé Pedro Catchiungo, Carlos Morgado e ACJ de Itália. Carlos Morgado, junta-se a Isaias Samakuva, tal como o Zé Pedro. ACJ abraça Lukamba Gato.Ao meio do percurso, ACJ percebe que Lucamba Gato dá um “tiro no pé” ao decidir ser árbitro e jogador ao mesmo tempo quando anuncia a sua candidatura a líder de sucessão. Samakuva, chefe da Comissão Conjunta nos acordos de Lusaka, diplomata e conciliador nato, observador e pacifista, recebe e congrega ACJ na sua lista. A Victória sorri aos samakuvistas. Do Canadá enviamos kits de propaganda e agendamos a primeira visita oficial de Samakuva aos Estados Unidos onde iria desenvolver importantes encontros para levantarem as imposições e restrições de mobilidade dos quadros e dirigentes da UNITA e relançar as estruturas externas da UNITA junto das Comunidades.
ACJ insurreto, não pára quieto, aparece como o “garganta funda” junto da Presidência, faz alianças com o falecido Canganjo, iniciam as crises de gabinete com Juju Sayongo, falecido e entra em rota de colisão com Carlos Morgado, cada vez mais distanciado da Presidência onde ACJ tem Ernesto Mulato como amigo, ganha grande influencia junto de Samakuva, pois tem como moeda de troca, a Rádio Despertar que adquire os equipamentos e monta a estrutura directiva, tem amigos e aliados políticos e empresariais em Portugal e algum apoio junto do Vaticano. ACJ consegue ser o rosto da diplomacia, internamente, opera como conselheiro, consultor económico e cuida da imagem e marketing da UNITA.É o assessor de tudo e para tudo, ou seja, o faz tudo, o sabe tudo. Surgem as makas com os 16 deputados, com o Zé Pedro, com o Maluka, com o Salombe, com Caputu, com wambembe, a ERCA, o IDD, Jardo, Abel e o grupo dos Duros, o pugilato, entre outros “quizangos”. Assistiu a tudo e todos, mas sempre com a imagem impoluta. Só não tinha conquistado a simpatia dos angolanos porque não era o líder da bancada parlamentar. Depois de muita pressão interna, Samakuva , em 2016, retira ACJ da direcção da UNITA, e passa a Presidente do Conselho de Administração da UNITA um cargo criado á sua medida e, coloca-o como líder da bancada Parlamentar, como quem diz “vai lá dar dor de cabeça aos João Pintos, Virgílio Fontes Pereiras e outros e deixa-nos um pouco em paz”. Como sempre ACJ aproveita bem as oportunidades e brilha nos palcos do Parlamento, da TPA, ZIMBO, Rádios e Jornais e no meio aproveita e “cafrica” Zé Pedro Catchiungo, tirando-o dos holofotes que também gosta. Como PR do Conselho de Administração, engendra várias negociatas e daí em diante, inicia a sua agenda financeira para mais tarde fazer o seu programa político.
Samakuva, conhece bem o mano mais novo ACJ, sabe o quão é ardiloso, ambicioso, snob, elitista, vanguardista e modernista, daí não surpreender a nenhum angolano, que se o ACJ fosse hoje a votos com Jlo pelas redes sociais, Jlo levaria no “focinho”. Mas a verdade é que menos de 10% de angolanos têm acesso a internet em Angola. o índice de abstenção é maior nos centros urbanos e periurbanos. Logo, o fenómeno da explosão de apoio nas redes sociais a favor de ACJ não corresponde na realidade um factor decisivo na incidência do voto real. É uma falsa realidade pensarmos que ACJ é uma marca que galvaniza, mobiliza e entusiasma a juventude. a verdade escamoteada é o crescimento real e exponencial que a UNITA tem registado em Angola. A marca real é a UNITA. A Juventude segue a UNITA. A UNITA mudou, a UNITA está no âmago dos angolanos e dos jovens em particular, porque admiram as histórias de bravura da UNITA e de Jonas Savimbi. Jonas Savimbi, sim é a marca que nem o MPLA consegue apagar. O MPLA tenta criar Agostinho Neto como marca e não pega, Zé Dú ate dá pena, virou Pai dos Marimbondos, João Lourenço o pai da crise, o MPLA é para os angolanos a marca, tal como é a UNITA para os angolanos. A diferença é apenas uma: Jonas Savimbi foi, é e será por muitos anos o arrastador de multidões, o nacionalista convicto e um dos fundadores da Nação.
Na nova geração de políticos, só o Abel Chivukuvuku consegue ser um factor de entusiasmo e de galvanização de massas populares. ACJ é um orador eloquente que brilha nos palcos da alta política, mas não congrega as massas populares.
O momento é único, ímpar e histórico pelas boas e más razões. Boas porque a UNITA tem a oportunidade única de apurar, esclarecer e fortalecer a coesão interna, de avaliar on-going e ex post os projectos da fábrica de sabão, de criação de gado, dos biocombustíveis, dos imóveis recuperados e ou por recuperar, a construção da nova sede, o ponto de situação do Museu Jonas Savimbi, da escola de formação de quadros, a valorização de quadros, os critérios na escolha dos assessores aos deputados, a vida financeira da Bancada Parlamentar e do Partido, as dívidas com os chineses do material de propaganda, o custo real com o marketing com os brasileiros, enfim uma auditoria independente para os militantes conhecerem a verdadeira saúde do Partido face aos desafios onerosos à curto prazo. Má razão porque, o acórdão surge num momento em que o país vive uma crise profunda e “força” a UNITA a dois desafios financeiramente dispendiosos; a realização de um Congresso e a preparação do Partido às eleições legislativas de 2021. A UNITA tem POUCOS meses para encontrar a locomotiva certa, com experiência necessária e matreiro suficiente para levar a marca UNITA ao poder em Angola e ou retirar a maioria absoluta ao MPLA em 2021. Samakuva é o bombeiro que pôde salvar e deve unir o Partido.