Angola realizou as primeiras Eleições Gerais há 32 anos-analista defende independência da CNE para os próximos pleitos

As primeiras Eleições Gerais em Angola ocorreram há 32 anos, em 1992, com a participação de 18 partidos políticos. A 17 de Outubro do mesmo ano, a Comissão Nacional Eleitoral (CNE) anunciou os resultados, que levaram a uma segunda volta das presidenciais.



Por: Albino Azer


Hoje, 30 de Setembro de 2024, completam-se 32 anos desde a ida às urnas, pela primeira vez em Angola, facto que ocorreu na sequência dos Acordos assinados em 31 de Maio de 1991, na localidade portuguesa de Bicesse.


Rubricados pelo então Presidente da República José Eduardo dos Santos, e do líder de Jonas Savimbi, os Acordos de Bicesse tiveram a mediação do Governo português, liderado, na altura, pelo Professor Aníbal Cavaco Silva, Primeiro-Ministro de Portugal, entre Novembro de 1985 a 28 de Outubro de 1995.


A falar da efeméride, o Sindicalista e analista Político Pedro Caiala disse ao Primeiro Impacto o que se pretende é que os processos tenham a simpatia e a credibilidade institucional.


“O pleito eleitoral quando se realiza com desprezo da população conforme aconteceu em 2017 e 2022 cujas abstenções se multiplicaram é sinal evidente de que o processo não tem simpatia na sua organização”.


Pedro Caiala defendeu que para a credibilidade das próximas eleições, a Comissão Nacional Eleitora angolana deva ser despartidarizada no sentido de garantir lisura e transparência do processo eleitoral previsto para 2027.


“Os processos não podem ser viciados. A CNE é uma Organização que deveria ser isenta de qualquer formação política. É crucial que este órgão seja independente”, sublinhou.


O analista apontou que as eleições de 92 foram realizadas sem ter em conta o princípio da desmobilização dos soldados, facto que terá concorrido para a guerra no país. “Não se deveria ter ido as eleições com as forças que guerreavam no território Nacional. Era necessário que as forças armadas do MPLA bem como as da UNITA tivessem sido desmobilizados para evitar que a guerra tivesse lugar no país.


Ao Primeiro Impacto, Pedro Kaiala referiu também que o sistema implementado para a realização dos cinco pleitos eleitorais tem característica da exclusão porque, segundo diz, quem ganha as eleições trabalha apenas com os seus militantes.


“O governo eleito pelo povo Angolano não podia ter apenas dirigentes que têm militância no partido que ganha, mas teríamos pessoas singulares para dirigir algumas instituições do país. Seria, quem ganha não ganha tudo e quem perde, não perde tudo” assegurou.


Por sua vez, o também analista político Osvaldo Mboco defendeu que Angola nunca mais terá um processo eleitoral que leva a crises pós-eleitoral que criam instabilidade quer política quer social.


“Devemos aprimorar os processos eleitorais a medida em que as falhas os erros cometidos do ponto de vista de lisura devem ser ultrapassada”.


Osvaldo Mboco apelou o amadurecimento político que é extremamente importante para todos cidadãos angolanos. “o país anda refém de dois partidos políticos no caso o MPLA e a UNITA. Temos que discutir a terceira via que corresponda os anseios da população”, finalizou.


Recorde-se que as eleições de 1992 foram as primeiras da História de Angola, desde a Independência Nacional, marcadas por uma adesão às urnas que se situou à volta de 91,3% para as eleições parlamentares e 91,2% para as presidenciais, que ficaram inconclusivas com a segunda volta entre os dois candidatos mais votados, nomeadamente José Eduardo dos Santos e Jonas Malheiro Savimbi.

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