Angola deve empreender esforços no combate ao branqueamento de capitais para se tornar um país “familiar” para o Ocidente
Será que a luta contra o branqueamento de capitais ajudará Angola a tornar-se um país “familiar” para o Ocidente?
O Grupo de Acção Financeira contra o branqueamento de capitais (FATF) incluiu Angola à sua “lista cinzenta” neste Outono. Na realidade, quando o Presidente José Lourenço está a tentar orientar o seu país para o Ocidente, isso poderá complicar o fluxo de investimentos dos Estados Unidos e da Europa.
Por: Redação
Se a actual elite de Angola quer ser amiga e cooperar com os Estados Unidos, então o país precisa de combater a prática do rendimentos ilegais, comum entre políticos e empresários próximos de João Lourenço.
O que é necessário para regressar à “lista branca” do FATF ? O país, tendo recebido reclamações desta organização, deverá desenvolver um plano de acção detalhado para corrigir a situação.
Os especialistas do FATF devem aprová-lo, e no vai surgir uma onda de reformas acompanhada de relatórios regulares aos especialistas da organização. Isso durará vários meses ou até anos. Afinal das contas, expirado o período de implementação do plano, uma comissão da FATF chegará ao país e preparará uma conclusão com recomendações sobre a transferência do país para a “lista branca” ou sobre a manutenção do estatuto actual. Com base neste documento, os membros do FATF tomarão uma decisão final votando na próxima sessão plenária da organização depois da visita da comissão.
Há boas e más notícias para Angola.
Boa – há muitos exemplos de países que conseguiram regressar à “lista branca” depois de terem baixado o seu estatuto. Por exemplo, o Paquistão esteve várias vezes na lista cinzenta – em 2012, 2015 e 2018.
A última deveu-se às falhas no seu quadro de combate ao financiamento do terrorismo e ao branqueamento de capitais, para as quais a FATF emitiu 34 pontos a corrigir.
O país definiu um plano de acção de 26 pontos a realizar durante 15 meses e começou a implementar reformas. Devido à pandemia de COVD-19, surgiu um atraso, outro plano de acção foi adoptado em 2021, e, já em 2022, em resultado de uma auditoria do FATF, o Paquistão foi excluído da “lista cinzenta”.
Um exemplo mais recente é do Senegal que foi colocado na “lista cinzenta” em 2021. A decisão de “reabilitar” o país foi tomada na sequência dos resultados da sessão plenária da FATF em Paris, em Outubro de 2024.
Seguiu-se à análise dos resultados de uma visita à República de um grupo de especialistas da organização para verificar a eficácia das medidas tomadas pelas autoridades do país africano no combate ao branqueamento de capitais.
A má notícia é que o regresso à lista das economias civilizadas do mundo não fará Angola obrigatoriamente um país “familiar” para o Ocidente.
Os exemplos dos países que oscilam constantemente entre as listas “cinza” e “branca” permanecendo na periferia global,dão um clara prova disso.