Dívida de Angola com a China reduz em dois anos-economista apela liquidação urgente face ao futuro económico do país

O governo angolano afirmou nesta terça-feira, 15 de julho, que a dívida com a China passou de 10 mil milhões para 8 mil milhões de dólares nos últimos dois anos. Face às incertezas provocadas pela oscilação do preço do petróleo no mercado internacional, o governo garante que já foram activadas medidas internas para responder a diferentes cenários económicos.
Por: Albino Azer
A propósito desta matéria o Primeiro Impacto ouviu o economista Heitor Carvalho que considera urgente que o país pague a dívida com a China por entender que penaliza excessivamente o nosso país na criação de outros investimentos.
O economista diz ser positiva a medida do Ministério das Finanças em reduzir a dívida chinesa, substituindo-a por outra, mas considera negativa em manter este nível absolutamente insustentável de dívida.
“Nós não podemos ter uma dívida tão grande e tão cara que nos leva 30% das despesas em juros. E que só o pagamento da dívida, esgota completamente as receitas do Estado e obriga o Estado a contratar novas dívidas, não para fazer novos investimentos, não para fazer coisas que tenham retorno positivo, mas simplesmente para pagar a dívida antiga. Portanto, é isto que está mal na nossa dívida, quer ela seja chinesa, japonesa ou de marte. A dívida chinesa, nas condições em que foi contraída, no tempo do José Eduardo dos Santos, é uma dívida altamente penalizadora para Angola. E portanto, deve ser paga o mais rapidamente possível. Porque as condições que envolvem este empréstimo, embora não sejam totalmente conhecidas por imperativo dos contratos, porque a China não deixa divulgar os contratos que foram feitos, é uma dívida que penaliza excessivamente Angola. Portanto, é bom que o Ministério das Finanças faz muito bem em reduzir a dívida chinesa, substituindo-a por outra, mas faz muito mal em manter este nível absolutamente insustentável de dívida”.
Se o pagamento não for efetivado dentro de pelo menos dois anos, o economista alerta que será ainda mais difícil para o país nos anos subsequentes, a julgar pelo futuro económico do continente.
“No dia em que nós não tivermos petróleo e nós estamos já numa época em que já não é época petrolífera, é a época pós-petrolífera e a partir de agora, os rendimentos petrolíferos vão tender a decrescer. Aliás, já vêm decrescendo há algum tempo, mas vão voltar a acentuar o seu decréscimo. Sem rendimentos petrolíferos torna-se absolutamente impagável esta dívida. Portanto, neste momento ainda conseguimos pagá-la, mas se não a reduzirmos, rapidamente para pelo menos metade, daqui a dois anos não temos como pagá-la. Portanto, é este cenário que nós temos de pôr, é este o problema, é a totalidade da dívida. Não propriamente a dívida chinesa, no caso da dívida chinesa, também é a dívida chinesa. Porque as condições da dívida chinesa são demasiado penalizadoras”, alertou.
Segundo dados do Ministério das Finanças, Angola continua, de forma sustentável, a honrar o pagamento da dívida contraída com a China, no âmbito do processo de reconstrução nacional.