Estamos Presos em um loop de eventos que evidenciam o início do fim

Pedro Mota

“Estamos Presos em um loop de eventos que evidenciam o início do fim.
Não falo do fim dos tempos. Não é sobre uma perspectiva transcendental”.
Não é um pensamento pessoal. É apenas o extrato da conversa mantida com o velho kambole, ancião daqui das bandas da Huíla, numa das zonas mais produtivas do país.
A tirada amarga surgiu da curiosidade em saber, como sustentava as hortícolas, tendo uma velha motobomba movida a gasóleo, já que os preços dos produtos estão pela hora da morte.
Esta é uma conversa que quase terminou em lágrimas, mas ficamo-nos apenas no suspiro e lamentos, à semelhança dos pastores de Israel, “na vigília da noite, ” à espera do anunciado “Messias”.
É claro que os sinais dos tempos “retinem lívidos aos ouvidos”.
Se num dia, sobe o preço do pão, no outro, sobe o do “wawa”.
Sobe até o salário do Zé, para ter de subir o preço do combustível. Com isso, sobe a insatisfação do povão, em escala neperiana. Como infinitésimos, vai se agudizando, não sei se em série geométrica ou aritmética, só sei que, o que os olhos não podem negar é que harmonicamente cresce tudo ao contrário. E vai ano, vem ano, e tudo se repete.
Nas estradas da “amargura”, capotam os automóveis descartáveis, reduzindo a dor e o sofrimento de quem parte mais cedo, na fuga ao “canto” da fome
Deste lado ficam os lamentos com as mãos levadas à cabeça, choram-se lágrimas de crocodilo.
Até quando?
Nas redes sociais, palco do inflamar de reações, barómetro de quem faz sondagem de opinião pública, não cessam as formas de por um lado, distrair os já distraídos, por outro, ocupar as mentes pensantes que ainda restam, com temas de encabular.
Só assim faz sentido que tenhamos de analisar as “makas” de um partido que mais parece uma ONG, ou dar-nos a saber do funeral de um cão. Ou então do artista que foi barrado de entrar no país que fica na outra borda do continente. Se calhar, pôr-nos ao corrente de quem engravidou a ex-esposa, de quem se tinha separado por alegada traição, justifica-se para não se ter de pensar, que futuro se espera deste chão “fundado” à noite.
Talvez não seja em vão que nos dão dessas coisa, enquanto se prepara e se tempera o melhor “gindungo”, para que à semelhança da “meretriz” que se deitou com o “cunhado”, tenhamos as partes íntimas a “arder”, não tarda.
A Coisa está tão feia, que não dá mais nem tempo para virar “guey”, porque não há espaço nem tempo para caprichos.
Nem carda para suicídio as pessoas conseguem, de tão caras que andam as coisas por cá.
É por isso que que o velho não deixa de afirmar que “estamos presos em um loop de eventos que evidenciam o início do fim”.
Nem mesmo a “surra” de rebuçados, chocolates e fumaças de arder os olhos, dói tanto, quanto a dor de ouvir o filho do “Pepé” murmurar, “padrinho paga só pão”.
Aliás, hoje, quem dá os “rebuçados” também faz ajuntamentos para orar e clamar a Deus, pela mesmo fome que assola os incautos.
Quem bate é o “irmão” da igreja trajado de farda.
Não se sabe mesmo até quando. Se para pior ou para melhor. Se para uns ou para outros. Mas é muito evidente o início do fim.
Do lado mais fraco, já “rebentou” a corda. A ponto de nem mais corda, nem cinto, haver, nem para apertar, nem para puxar.
Entretanto, eu lembrei-me que ainda não tenho advogado. E Por isso, fico só por aqui.

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