Higino Carneiro: acabou o tempo do “sim chefe”, jurista considera missão impossível

O general reformado e dirigente histórico do MPLA, Higino Carneiro, anunciou oficialmente nesta terça-feira, 8 de julho de 2025, a sua pré-candidatura à liderança do MPLA, com vista ao IX Congresso Ordinário previsto para 2026.


Por: Albino Azer

No comunicado, Higino Carneiro salientou que a sua candidatura não é motivada por ambições pessoais, mas em tornar o MPLA mais plural, inclusivo e no fiel provedor das causas mais nobres a favor de cada angolano sem distinção.

“Esta decisão também tem como objectivo valorizar ainda mais o militante de base do MPLA, pois a autoridade do militante não pode continuar a ser negligenciada. O militante deve ser um agente activo na eleição dos seus representantes nos órgãos intermédios e superiores do Partido.
É fundamental promover, desde a base até os níveis superiores, camaradas com experiência e dedicação comprovadas, para que os Comitês de Acção do MPLA sejam estruturas activas, críticas e dinâmicas, que estudem os problemas das comunidades onde estão inseridos, proponham soluções e de forma organizada discutam com os órgãos do poder local, para que estes resolvam as questões dos cidadãos”.

O Político defende que o MPLA não pode ser um partido estático. Pois, os desafios actuais e futuros exigem que se acabe com a cultura do silêncio, da bajulação e do “sim, Chefe”, dando lugar ao ressurgimento da crítica e da autocrítica como actos de coragem política e de respeito pelo povo que o MPLA sempre jurou defender. “Eu quero somar, eu não quero dividir. Quero inspirar esperança — porque Angola precisa, mais do que nunca, de acreditar num futuro melhor”, prometeu.

Entretanto, o Primeiro Impacto ouviu o jurista Manuel Cangundo que considerou uma “missão impossível” a pretenção de o general Higino erradicar a cultura da bajulação no seio dos camaradas.

“No MPLA as pessoas não ascendem a cargos de relevância por competências, mas por conveniência de quem governa. Por isso, tenho muitas dúvidas de que o general consiga colmatar esta realidade. A única forma de se combater esta prática seria mesmo a rotura com o mesmo partido”, disse o jurista Manuel Cangundo ao Primeiro Impacto.

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