Israel entrega 45 corpos de palestinianos ao Hamas

Israel entregou nesta segunda-feira, 03 de novembro, os corpos de 45 palestinianos, um dia depois de o grupo islamita Hamas ter devolvido os restos mortais de três reféns israelitas, anunciaram as autoridades de saúde de Gaza.


Por: redação PI

As autoridades israelitas identificaram os restos mortais como os de três soldados mortos no ataque liderado pelo Hamas, a 07 de outubro de 2023, que desencadeou a guerra.

A troca representou mais um passo em frente no frágil cessar-fogo mediado pelos Estados Unidos na guerra dos últimos dois anos, a mais mortífera e destrutiva alguma vez travada entre Israel e o grupo militante Hamas.

Desde que a trégua entrou em vigor, a 10 de outubro, os militantes palestinianos libertaram os restos mortais de 20 reféns, permanecendo ainda em Gaza outros oito cadáveres.

Por cada refém libertado, Israel tem libertado os restos mortais de 15 palestinianos, somando hoje 270 corpos palestinianos devolvidos desde o início do cessar-fogo.

Os 45 corpos de palestinianos libertados foram recebidos no Hospital Nasser, em Gaza, por volta das 12:00 locais (10:00 em Lisboa), adiantou o porta-voz do Ministério da Saúde de Gaza, Zaher al-Wahidi, admitindo que ainda falta identificar muitos dos cadáveres, tendo sido reconhecidos até agora apenas 75.

O trabalho forense é dificultado pela falta de ‘kits’ de testes de ADN em Gaza, explicou a mesma fonte.

O ministério palestiniano tem publicado ‘online’ fotografias dos restos mortais, na esperança de que as famílias os reconheçam.

Pelo seu lado, as autoridades lideradas pelo primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, identificaram já os três reféns devolvidos a Israel na noite de domingo, identificando-os como o norte-americano-israelita capitão Omer Neutra, o sargento Oz Daniel e o coronel Assaf Hamami.

O Hamas tinha divulgado anteriormente que os restos mortais destes três reféns foram encontrados no domingo num túnel situado no sul de Gaza.

Omer Neutra tinha 21 anos quando os militantes do Hamas o raptaram, juntamente com o resto da tripulação do seu tanque, a 07 de outubro de 2023. Em dezembro de 2024, os militares anunciaram que Neutra tinha sido morto no ataque que deu início à guerra.

O presidente dos EUA, Donald Trump, disse no domingo que tinha conversado com a família de Neutra, descrevendo o seu alívio e tristeza.

“Eles ficaram emocionados, de certa forma, mas, por outro lado, obviamente, não é uma situação muito boa”, disse Trump.

Daniel, um sargento de 19 anos, foi retirado do seu tanque por militantes e levado para Gaza, juntamente com outros três membros da sua tripulação, cujos restos mortais já tinham sido devolvidos. Deixa os seus pais e a sua irmã gémea.

Hamami, comandante da brigada sul de Israel na divisão de Gaza, também morreu na madrugada de 07 de outubro de 2023, num combate para defender o ‘kibutz’ (comunidade agrária sionista) Nirim. Hamami e dois dos seus soldados foram mortos e os seus corpos foram levados para Gaza. Hamami deixa mulher e três filhos.

Os militantes do Hamas têm libertado um ou dois corpos a cada poucos dias, apesar de Israel insistir em progressos mais rápidos.

Em alguns casos, os restos mortais entregues não eram de nenhum refém, o que o Hamas justifica com as dificuldades de procura de corpos causadas pela devastação generalizada.

O ataque de há dois anos ao sul de Israel, liderado pelo Hamas, matou cerca de 1.200 pessoas e fez 251 reféns.

Em retaliação, Israel lançou uma campanha militar que matou mais de 68.800 palestinianos em Gaza, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, que não distingue entre civis e combatentes.

Israel, que nega as acusações de uma comissão de inquérito da ONU e de outras entidades de ter cometido genocídio em Gaza, contesta os números do ministério palestiniano, considerados credíveis pela ONU, sem apresentar um número contraditório.

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