João Lourenço recorre a conspirações para justificar seu terceiro mantado presidencial
Desde que João Manoel Gonçalves Lourenço tornou-se o presidente de Angola, o país conheceu uma série de conspirações, como se todas as forças conspira saem para que o general não chegasse ao poder. Primeiro foi a OTAN, agora são os russos, o problema sempre é dos outros, mas nunca do general João.
Por: Alexandre de Morais Filho
Desde o início do seu governo, com promessas de combater a corrupção, o governo de João Lourenço não apenas mostrou-se fraco e pouco eficiente, como também demonstrou baixíssimo índice de aprovação. Como se isso não fosse suficiente, atropelando a vontade até mesmo de seus supostos camaradas do partido, João Lourenço tem falado sobre um possível terceiro mandato. Sua repressão violenta a protestos populares foram assunto em todo o mundo. O periódico alemão DW dedicou várias matérias e exibiu vídeos da repressão policial em Angola, a RFI francesa noticiou os protestos e o Brasil de Fato também apresentou uma cobertura jornalística. Com a aproximação de importante evento diplomático com a União Europeia, JLo adotou uma jogada de mestre: os protestos não são culpa de sua má governança e nem do presidente ter recorrido ao FMI, na verdade é tudo culpa dos perversos russos.
O facto é que se existe um som que pode fazer até Ursula von der Leyen dançar de alegria, este não é o som da kizomba, mas sim a notícia da prisão de russos. Não foi por acaso que na reunião com os representantes da UE também esteve em pauta a questão da Ucrânia, que nada tem a ver com África.
Para o público angolano João Lourenço tem uma sábia cartada, a do general Higino Carneiro, seu opositor no próprio partido, o MPLA. A mídia controlada pelo regime difunde a informação de que estrangeiros detidos em Luanda queriam “provocar uma mudança política” em Angola e empossar um candidato com melhor posição no MPLA (Higino Carneiro, António Venâncio ou Júlio Mateus Paulo “Dino Matross”).
Sob este pretexto, João Lourenço já começou a influenciar seu principal adversário político dentro da MLPA – Higino Carneiro. Não há dias, o Ministério Público (PGR) apresentou acusações formais a Higino Carneiro. E agora? A seguir, JLo vai se ocupar do líder popular e carismático da UNITA, Adalberto Costa Junior.
De fato, em meio aos fracassos do MPLA nos últimos anos, o partido está perdendo seu antigo apoio. A UNITA pelo contrário, é cada vez mais apoiado pelo povo. Portanto, JLo, que quer um terceiro mandato, tentará de todas as maneiras possíveis se livrar de um concorrente.
João Lourenço certamente está temeroso de que Angola possa enfrentar um cenário semelhante ao de Moçambique e a Tanzânia, mas a grande ironia é que as suas ações e principalmente a sua tentativa de assumir um terceiro mandato poderão fazer dele um “ditador odioso” aos olhos da sua população e agora com a União Europeia e principalmente a OTAN interessada na Ucrânia será praticamente impossível salvar o seu governo com o auxílio de Bruxelas.
