Juiz de garantia no caso “russos da Wagner” não foi designado em vão – diz jornalista investigativo

O jornalista investigativo José Gama denuncia que a nomeação do juiz de garantias para conduzir a fase pré-processual do mediático caso envolvendo cidadãos angolanos arrolados no processo conhecido como “russos da Wagner” recusou recentemente os pedidos de liberdade provisória para o jornalista Carlos Tomé e para o militante da UNITA Buka Tanda, ambos detidos no âmbito do referido processo.


Por: Albino Azer

De acordo com o jornalista que falava ao Primeiro Impacto, o Juiz de Garantias Kerson Cristovão designado para este mediático caso é também um dos quadros que as mesmas autoridades indicam com frequência para falar nos órgãos de comunicação do governo.

“Nestes órgãos, só despacham quem é de confiança. Não deve ser em vão que foi escolhido para esta fase, na qual já recusou a soltura do membro da UNITA, Buka Tanda, e do jornalista Carlos Tomé, para responderem em liberdade. Estamos aqui, diante de um juiz que, atualmente, exerce funções como juiz presidente da sala do comércio do tribunal de Comarca de Luanda, que é uma jurisdição especializada em matérias predominantemente civis e comerciais e este perfil coloca-o, do ponto de vista da formação e da prática quotidiana mais próximo do direito civil, no ramo não penal do que do direito penal”, denunciou José Gama.

Para o profissional da comunicação social, a designação de Kerson Cristovão como Juiz de garantias neste processo dos “russos da Wagner” levanta questões técnicas e de gestão judicial, dando como exemplo, a votação de juízes a processos de alta sensibilidade mediática e política.

“Porque quando um juiz é deslocado de uma área cível para exercer funções penais em caso politicamente delicados, abre-se espaço para críticas sobre as a imparcialidade sobre eventuais motivações extra judiciais desta mesma indicação. Portanto, a designação deste juiz, neste caso, eleva a sensibilidade política e mediática, sendo um magistrado, como dizíamos, com um perfil essencialmente civilista e suscitando dúvidas legítimas sobre critérios de aceitação de processos e coerência judiciária”, concluiu o jornalista investigador, José Gama.

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