Jurista diz que constantes adiantamentos do julgamento dos generais “Kopelipa” e “Dino” revela motivações políticas – processo retorna ao TS a 2 de Setembro

O julgamento do processo judicial n.º 38/2022, no qual figuram como arguidos Manuel Hélder Vieira Dias Júnior “Kopelipa”, Leopoldino Fragoso do Nascimento “Dino”, conheceu nesta segunda-feira, 18, uma nova extensão de 15 dias dos prazos, antes das alegações finais.
Por: Albino Azer
O extensão, segundo apurou o Primeiro Impacto, deve-se à complexidade na compilação das traduções e autenticações dos documentos que constituem meios de prova. Para melhorar compreender as motivações dos sucessivos adiamento deste processo, o Primeiro Impacto conversou com o jurista Manuel Cangundo que alegou haver, por de trás deste processo, motivações políticas que estão a complicar o andamento do processo.
“Esse julgamento embora esteja, de facto, assentado em alguns indícios cometidos por estes Generais, que estão a ser julgados, e porque temos que admitir que cometeram muitos erros, porém não são os únicos que cometeram actos de peculato, corrupção que pilharam o país está deixar o país no estado que está. São muito mais gentes e todas elas ligadas ao partido que governa. Logo, me parece estar aqui, digamos, motivações políticas por detrás deste julgamento”, referiu.
Para o jurista, essas motivações políticas podem estar a complicar o andamento do processo porque, segundo diz, provavelmente com a pressão que os advogados estão a fazer (os advogados precionam para que haja um julgamento justo com base na constituição e na lei), e isto pode estar a contrastar com alguns interesses que motivam este julgamento.
“Não acredito muito que estes generais venham a ser ilibados, apesar dos esforços dos advogados. Deveriam ser ilibados porque são dois generais de alta craveira que outrora sempre estiveram, de forma muito fiel ao anterior presidente José Eduardo dos Santos e, claro contrasta hoje com o grupo que domina o poder em Angola. Isso por si só, faz deles um alvo a abater, e depois sabemos que Kopelipa nunca foi muito simpático com o General João Lourenço que agora é presidente da república por causa de um conflito “público” entre ambos”, afirmou o jurista Manuel Cangundo.
Recordo-lhe que os arguidos são acusados pelo Ministério Público dos crimes de peculato, burla por defraudação, falsificação de documentos, associação criminosa, abuso de poder, branqueamento de capitais e tráfico de influência.
O processo, que conta com 38 declarantes, tem como relatora a Veneranda Juíza Conselheira Dra. Anabela Valente, coadjuvada pelos Venerandos Juízes Conselheiros Dr. Raúl Rodrigues e Dr. Inácio Paixão.
O Ministério Público é representado pelo Dr. Lucas Ramos, enquanto a defesa está a cargo dos advogados Bangula Kemba, Benja Satula, Amaral Gourgel e Adriano Suculete.