PR defende produção local de vacinas contra cólera em África

O Presidente da República de Angola e Presidente da União Africana, João Lourenço, participou hoje numa reunião presidencial de emergência, em formato virtual, sobre o surto de cólera que afecta diversos países africanos. A iniciativa, liderada pelo Presidente da Zâmbia, Hakainde Hichilema, campeão da União Africana para a Cólera, foi organizada pelo Centro Africano de Controlo e Prevenção de Doenças (África-CDC).
Contexto do Surto e Resposta Estratégica
A reunião de alto nível reuniu Chefes de Estado, incluindo Félix Tshisekedi (República Democrática do Congo), Netumbo Ndaitwah (Namíbia), John Dramani (Gana) e Lazarus Chakwera (Malawi), para discutir a situação da cólera, com maior incidência em quatro países: Sudão, Sudão do Sul, República Democrática do Congo e Angola. Os líderes destacaram que a epidemia resulta de décadas de subinvestimento em infra-estruturas de saúde, água, saneamento e higiene, considerando inaceitável normalizar a cólera em África.
“A cólera é muito mais do que uma emergência sanitária, representa um grande obstáculo ao nosso desenvolvimento económico, social e humano,” afirmou João Lourenço.
Angola Enfrenta Surto com Resultados Positivos
Em Angola, o surto actual regista 24.536 casos e 718 óbitos até 2 de Junho, com uma taxa de letalidade de 2,9%. Contudo, graças às medidas imediatas do Governo e parceiros, várias províncias já apresentam melhorias. Lourenço enfatizou que os esforços estão a salvar vidas e destacou a necessidade de uma abordagem integrada e duradoura para controlar a doença.
Autossuficiência Sanitária como Prioridade
O Presidente angolano defendeu a produção local de medicamentos e vacinas como uma prioridade estratégica para garantir a soberania sanitária de África. “A dependência exclusiva de importações externas limita a nossa capacidade de resposta e compromete a nossa soberania sanitária,” declarou, reforçando o compromisso de Angola em desenvolver capacidades nacionais para atender às necessidades internas e contribuir para o continente.
“É fundamental localizarmos a produção de medicamentos e vacinas no nosso continente. Este investimento é uma afirmação clara do nosso compromisso em promover a autossuficiência sanitária e económica de África,” acrescentou.
Compromisso Continental
A reunião contou com a participação do Director-Geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, e outros representantes de organizações internacionais. Os líderes africanos apelaram a uma solidariedade continental traduzida em acções concretas, como o fortalecimento da capacidade de produção de vacinas e equipamentos médicos. Lourenço sublinhou que este encontro deve marcar um compromisso colectivo para assegurar um futuro de dignidade, saúde e prosperidade para os povos africanos.