Produção de petróleo em Angola com perspetiva “muito negativa” até fim de 2032

Segundo o Relatório Económico do Iº Trimestre de 2025, elaborado pelo Centro de Investigação Económica da Universidade Lusíada de Angola (CINVESTEC) e consultado hoje pela Lusa, a produção petrolífera continua a ter uma perspetiva muito negativa nos próximos sete anos.


A produção petrolífera em Angola tem uma perspetiva “muito negativa” até final de 2032, indica um relatório sobre o setor, que conclui que a estabilização da produção de petróleo só será duradoura com a descoberta de novas reservas.

Segundo o Relatório Económico do Iº Trimestre de 2025, elaborado pelo Centro de Investigação Económica da Universidade Lusíada de Angola (CINVESTEC) e consultado hoje pela Lusa, a produção petrolífera continua a ter uma perspetiva muito negativa nos próximos sete anos.

“A nossa produção petrolífera continua a ter uma perspetiva muito negativa até ao final da próxima legislatura (2032). O recurso à produção adicional (investimento em poços em fase de declínio para prolongar a extração em poços marginais) exige contratos menos favoráveis”, refere-se na pesquisa.

Para o CINVESTEC, é fundamental “um esforço” à produção adicional de petróleo, “até porque a produção que conta para os novos contratos só começa depois de cumprida a extração prevista nos contratos normais”.

No relatório assinala-se que Angola “tem de perceber que, verdadeiramente, já estamos na era pós petrolífera”.

De acordo com o estudo, em volume, o índice do setor petrolífero nos primeiros três meses de 2025 situa-se cerca de 3% abaixo do primeiro trimestre de 2022, sendo que nos últimos quatro trimestres o setor decresce 4,4% em volume e 19,5% em valor deflacionado e os rendimentos por volume decresceram 15,5%.

Neste período, as exportações petrolíferas (petróleo, gás e derivados) caem 14,4%, conforme realça o CINVESTEC, assinalando que o peso das exportações representou 27% em volume e 29% em valor.

Angola, com uma produção diária de um milhão de barris de petróleo, é o segundo maior produtor da África Subsaariana depois da Nigéria, e este recurso constitui a principal fonte de receitas do país.

Angola exportou 83,6 milhões de barris de petróleo bruto no segundo trimestre de 2025 e encaixou 5,6 mil milhões de dólares, uma redução de 13,6% quanto ao trimestre homólogo, informaram as autoridades.

Segundo dados da produção de petróleo e gás referentes ao segundo trimestre de 2025, tornados públicos em julho pelo Ministério dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás de Angola, o volume de petróleo exportado representa uma diminuição de 3,82% face ao trimestre anterior, ainda assim valendo um encaixe na ordem dos 4,7 mil milhões de euros.

O valor bruto das exportações no segundo trimestre registou uma diminuição de 12,5% relativamente ao trimestre anterior e em termos homólogos a redução foi de 29,81%.

A pesquisa que apresenta a evolução dos principais agregados económicos nacionais, à luz dos dados publicados pelo INE, Banco Nacional de Angola e pelo Ministério das Finanças, refere que em relação à indústria extrativa a produção, nesse período, “cresceu 51,6% em volume, mas em valor deflacionado (valor real) decresce 35,8%”.

As exportações de diamantes “crescem 75,6% em volume (quilates), mas os preços baixam 45,6%, o que determina uma redução total dos rendimentos das exportações de 4,5%”, assinala ainda o CINVESTEC.

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