Por que uns Estados são prósperos e outros pobres?
Sobre esta questão, existem 3 teorias tradicionais e uma mais recente vinda dos Professores do MIT e da Universidade de Harvard.
Por: Mário Ferraz
Teorias tradicionais:
1- Teoria Geográfica. Esta teoria defende que os Estados são prósperos ou pobres em razão da sua geografia. Os países pobres estão localizados em regiões tropicais, com climas muito quente que geram cidadãos preguiçosos, terras inférteis e doenças como a Malária, Cólera, doenças diarreicas , etc., que afectam a produtividade económica e a disponibilidade ao trabalho. Não conseguem desenvolver sua agricultura e indústria, o calor lhes inibe ao trabalho, não são criativos, acomodam-se na pobreza e tendem a ser governados por tiramos e regimes não democráticos. Daqui também surgem teorias racistas. No seu todo, acredita-se no determinismo geográfico, como factor capaz de determinar os valores, crenças, os hábitos e as formas de organização social e política dos homens.
Defensores da teoria geográfica: Charles de Montesquieu, Ratzel, Jeffrey Sachs e Jared Diamond.
2- Teoria Cultural. Esta teoria argumenta que os Estados são pobres ou prósperos por consequência dos seus hábitos, instituições, valores e costumes. Há aspectos culturais favoráveis à pobreza e outras à prosperidade. Países pobres são aqueles que na sua cultura não há uma boa ética de trabalho, apostam na magia, na feitiçaria e em Deus em busca de riqueza, quando poderiam trabalhar, poupar e investir. Os Estados mais prósperos do mundo são de cultura ocidental, os mais pobres são africanos, asiáticos e latino-americanos. Os Estados mais prósperos são protestantes e mais pobres são maioritariamente católicos. A religião afecta como os crentes encaram a vida terrena. Os católicos são mais contemplativos e os protestantes mais práticos, procurando cursos como economia, medicina e ciências exactas que lhes garante rendimentos, enquanto os católicos tendem a seguir cursos humanistas como filosofia e Teologia que não geram riquezas.
Defensores da teoria cultural: Max Weber, Robert Dahl, Mustafa Kemal Ataturk e Daniel Pipes.
3- Teoria da Ignorância. Para esta teoria, os Estados são ricos ou pobres por consequência da posse de conhecimentos ou ignorância dos seus governantes. Os Estados ricos são prósperos porque seus governantes sabem exatamente como gerar riqueza para os seus cidadãos; e os Estados pobres são pobres porque seus governantes cometem erros por excesso nas suas políticas de governação. Porque não têm os conhecimentos necessários para gerar riqueza ao Estado e à sua população.
Defensores da teoria da sociedade ignorância: FMI, Banco Mundial, etc.
A Nova Teoria
4- Teoria do Extrativismo. Esta teoria defende que os Estados são pobres ou prósperos em função das suas instituições. As instituições económicas extractivistas são aquelas que têm como função essencial o enriquecimento das elites que detém o Poder e o Estado. O autoenriquecimento das elites gera pobreza. Salários altos, instituições extensas, monopólios e corrupção são os meios legais e ilegais da elite se enriquecer. Por outro lado, Estados como os da Europa ocidental, Estados Unidos, países nórdicos, Rwanda, África do Sul etc., são prósperos porque são governadas por instituições económicas e políticas Inclusivas, que dão incentivos aos seus cidadãos, liberdades, direitos e seguranças de mercado para pouparem, trabalharem e investirem.
Defensores da teoria Extrativista: Daron Acemoglu, James Robinson.
Mário Ferraz (2019). Estudante de Ciência Política na FCS-UAN. Luanda. 16 de Novembro de 2019.
Referênciaa Bibliografias:
ACEMOGLU, Daron e ROBINSON, James (2012). Por que as Nações Fracassam: as origens do poder, da prosperidade e da pobreza. Editora Elsevier; Tradução de Cristina Serra. Rio de Janeiro.
WEBER, Max (1905). A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo.
HUNTINGTON, Samuel (2009). O Choque das Civilizações e a mudança na Ordem Mundial. 4° Edição; Editora Gravida; Tradução de Henrique Ribeiro. Lisboa.
DAHL, Robert (2001). Sobre a Democracia. Editora Universidade de Brasília; Tradução de Beatriz Sidou. Brasília.
VERÍSSIMO, Gilberto da Piedade (2017). Elementos de Geopolítica e Geoestratégia. 2° Edição; Editora Ler Devagar. Lisboa.