O CARTÃO DIGITAL É UM ENGODO
Nas organizações quer sejam politicas, administrativas, empresariais ou associações, todos os projectos que persigam a obtenção de lucros devem obedecer a realidade econômica e social sob pena de serem rejeitadas e não atinjam os seus fins.
Por: Filipe Mendonça, 03/10/2024.
Na UNITA esta medida não deve fugir a regra. Como sabemos, o nosso Partido é um instrumento criado para a defesa dos interesses dos menos equipados que consituem a maioria da base social de apoio, portanto pobre.
Estamos todos de acordo que os métodos de recrutamento e enquadramento dos membros deve obedecer os modelos de mobilização que se ajustem ao contexto, caracterizados com as formas e práticas inovadoras. Porém, a invenção ou criação do cartão digital a custar 3.000,00 (três mil kwanzas) do bolso do cidadão como forma avançada de obtenção é um passo falso. Até o MPLA que governa o país a quase 50 anos, não faz isso com os seus militantes.
Diante desta realidade, no universo de aproximadamente 3 milhões de militantes que o Partido tem no seu registo, apenas 20 mil e poucos ( vinte mil) aderiram ao processo. Este indicador deve servir de recado ao senhor presidente ACJ a recuar do esquema que parece mais de extorsão de dinheiro dos pobres porque os militantes não estão alheios a triste e gritante conjuntura económica internacional.
Pelo que se constata, parece ser visão do presidente ACJ manter a estratégia (?) ao influenciar se não pressionar os que gozam de uma estabilidade financeira para ajudarem os impossibilitados. Dos dados em nossa posse, o grupo de indivíduos na mira para este objetivo são os Comissários Eleitorais, sendo que, um Comissário Municipal Eleitoral deverá ter a responsabilidade de pagar cartões para 10 militantes e o Provincial 20. Quantos comissários eleitorais o partido possui no geral para satisfazer os cerca de 3 milhões de militantes?
Porque é que o presidente insiste nesta fórmula para com militantes desprovidos de recursos que até de comer lhes falta?
Será mesmo o modernismo propalado que leva o Partido a fazer esse tipo de negócio com os militantes por si já pobres?
O Dr. Savimbi dizia e cito: …É NO INTERESSE GERAL ONDE RESIDE O PARTICULAR DE CADA UM… Fim.
A pressão que se faz aos Comissários Eleitorais viola um dos valores defendidos pela UNITA que é a solidariedade senhor presidente ACJ.
Esses cargos são temporários e lógicamente, todo militante indicado para ocupar responsabilidades em órgãos institucionais, deve lhe ser conferida uma imagem resultante da função que exerce junto dos órgãos do Estado tal qual os deputados.
Uma imagem que não se extinga no dia seguinte ao fim do mandato.
Que o Comissário tenha a possibilidade de manter a imagem depois da sua missão temporária, Sr Presidente.
Que a dignidade que o Partido reclama para os angolanos não seja uma palavra vã.
Por aquilo que se sabe esta franja de militantes, para além das quotas que paga, que rondam aproximadamente os 40% dos rendimentos, também é obrigada a contribuir para o fundo da realização de actividades, fala-se também do fundo para a compra de motociclos para os Secretários Municipais. Mais esta exigência de pagar os cartões dos militantes que não tenham possibilidade de o fazer o que resta para cuidar de si, das suas famílias?
HAJA SOLIDARIEDADE PARA COM OS OUTROS, SR PRESIDENTE. Que criem modelo de identificação que se ajuste a classe que suporta o Partido em vez de perseguir a multiplicação do número de militantes pelos 3 mil kz.
Nem aos Deputados do Grupo Parlamentar da UNITA são alvo destas medidas que não passam de extorsão.
MUITO OBRIGADO