V Congresso para eleger nova líder da LIMA arrancou sexta-feira em Luanda

A Liga da Mulher Angolana (LIMA), organização feminina da UNITA, deu início esta sexta-feira, 4 de outubro de 2024, o seu V Congresso Extraordinário, onde será eleita a nova presidente da agremiação.


O Primeiro Impacto sabe que na corrida para a presidência da LIMA estão três candidatas nomeadamente: Etna Iveth Kapapelo, Cezaltina Fragoso Kulanda e Maria Alice Sapalalo.

O evento que decorre até sábado no Complexo Sovismo, município de Viana, contou, no seu primeiro dia com a presença de importantes figuras políticas, incluindo Isaías Samakuva, Filomeno Vieira Lopes e Adalberto Costa Júnior, presidente da UNITA, que fez o discurso de abertura do congresso que o Primeiro Impacto dá-lhe a ler na íntegra:

Angolanas e Angolanos,
No dia 18 de Junho de 1972, o Dr. Jonas Malheiro Savimbi Presidente Fundador da UNITA instituiu a Liga da Mulher Angolana, quando ainda decorria a luta anti-colonial.
Foi uma decisão sábia e estratégica, além de oportuna, resultante da necessidade de uma participação organizada das mulheres no combate multiforme pela liberdade e independência nacional.


Já naquela altura, a Mulher participava na luta, prestando serviço de apoio às forças armadas nas linhas da frente, nos sectores da Educação, Saúde, Logística, na Mobilização e organização das populações.


Dessa realidade histórica são testemunhas algumas mamãs que ainda estão entre nós, honrando-nos com a sua presença neste Congresso. A mamã Isalina Kawina, a primeira Presidente da LIMA, a mamã Namukumbi, a mamã Salomé Epolwa, a mamã Julieta Buki, para citar apenas estas, entre várias outras que se destacaram nas fileiras do combate para a libertação de Angola e para a dignificação dos angolanos.


A trajectória da LIMA está intimamente ligada à história e percurso da UNITA em cada uma das fases da luta, a LIMA foi participe essencial, contribuindo com determinação, com empenho revolucionário, com coragem, com amor, lutando e educando, como só as mulheres são capazes, trazendo-nos até aqui.

Estas motivações políticas que estiveram na base da fundação do nosso Partido pelo Dr. Jonas Malheiro Savimbi e constituíram objectivo central da luta anti-colonial, do combate que se seguiu à proclamação da independência em 1975, ainda são metas hoje devem continuar a unir todos os patriotas angolanos. Celebramos a Independência Nacional, mas a Democracia, o Estado de Direito, o respeito pelos Direitos Humanos, a vida dos angolanos em Dignidade são inexistentes numa altura em que o país se prepara para comemorar os 50 anos de independência! 50 anos de independência com cerca de 15 milhões de angolanos atingidos pela fome, cerca de 10 milhões em situação de extrema pobreza, com cerca de 5 milhões de crianças a sofrerem de desnutrição e outro tanto fora do sistema de ensino. Um país em que o partido de regime nega direitos constitucionais aos angolanos. Um país onde um elevado número de angolanos continua a ser privado do bilhete de identidade e por esse facto privado também de exercer a sua plena cidadania. Um país onde o partido de regime não se importa de agarrar numa tesoura e retalhar o país à sua conveniência, para tentar em desespero manter o poder, dai a divisão politica administrativa.


A mulher paga duplamente pelas realidades atrás descritas, porque intervém de modo individual e intervém multiplamente enquanto chefe de família, de inúmeros lares mono paternais. Como sabemos a mulher angolana ainda não está realizada plenamente, a mulher angolana não usufrui de liberdade que merece, a mulher angolana, em muitos casos, não tem emprego condigno. Na busca do pão para o sustento da família sofre de violência policial, familiar e doméstica. Estas e outras situações desafiam a UNITA e a Liga da Mulher Angolana a continuar a lutar para a sua inversão.


Estou em crer que na digressão que as candidatas empreenderam pelas províncias no cantacto com mulheres da LIMA e não só, puderam verificar a condição das mulheres e das suas famílias, das dificuldades e desafios que enfrentam, sendo essa situação incentivo para neste V Congresso aprofundarem o debate sobre o percurso a fazer e iniciativas a tomar, para uma mudança para melhor, do quadro actual.


Prezadas Mamãs e Companheiras,
O V Congresso da Liga da Mulher Angolana ocorre num momento particularmente desafiador em que crescem os sinais de desespero dos cidadãos face às dificuldades económico-sociais, agravadas de modo exponencial nos últimos anos.


A não realização da alternância política, a manutenção do regime no poder cujo único programa é a manutenção do poder a qualquer preço, constituem nos dias de hoje a causa principal dos problemas que afectam a vida de todos os angolanos, dentro e fora do pais.


Como sabeis e nunca é demais repetí-lo, a UNITA tem vocação do poder político, e tem condições de assumir o poder politico. A UNITA apresentou aos angolanos em 2022, um programa de governação ambicioso, no âmbito do GIP, elaborado com contribuição de diversos sectores da sociedade e múltiplas e destacadas inteligências do nosso país, que visava virar a página, mudar o rumo económico-social de Angola e dar aos angolanos uma nova perspectiva de vida.


Os angolanos corresponderam de forma muito expressiva e votaram a favor da alternância, mas as instituições de administração da justiça eleitoral não foram justas nem honestas e confiaram o Poder Político a quem perdeu as eleições.


A situação que vivemos hoje é exactamente consequência da adulteração da vontade do soberano povo de Angola, expressa nas urnas, no dia 22 de Agosto de 2022 com clara intenção de inverter o quadro vigente.


Depois de dois anos daquelas eleições que teriam mudado Angola, o que temos hoje é uma generalizada crise política, económica e social, cujo corolário é o desespero que se instalou nas famílias e nas instituições, são as filas de mulheres e crianças especialmente nos contentores de lixo e aterros sanitários, em busca de restos de comida que não nos dignifica. A corrupção que se ergueu como bandeira de branqueamento da imagem do MPLA está hoje dissimulada, apresentando-se com cara de contratação simplificada ou adjudicação directa, em que só ganham empreitadas pessoas e empresas ligadas ao ciclo palaciano. A fome, longe de ser relativa é uma realidade inquietante e vergonhosa que assola inúmeras famílias no país, incluindo Luanda a capital e sede do poder político.


Caríssimas Congressistas
Angolanas e Angolanos
A UNITA como dissemos atrás tem vocação de tomar conta do poder por via democrática e exercê-lo para a realização plena de todos os angolanos. Na implementação deste projecto político, a LIMA ocupa lugar de vanguarda, tendo em conta a posição maioritária da mulher e dos jovens em Angola. Assim, tal como no passado, na luta anti-colonial e na da conquista de democracia, a LIMA tem de passar á frente na mobilização da sociedade angolana especialmente das mulheres e jovens para as grandes causas dos tempos de hoje. A UNITA tem um programa para governar Angola, inserido na sua programação estratégica, que tem de ser divulgado no seio das mulheres angolanas e não só, para o seu conhecimento e aceitação.


Para os vossos trabalhos acresço algumas recomendações:


. a LIMA deve continuar a constituir-se numa alavanca pró-activa na defesa do valor da FAMÍLIA, enquanto estrutura nuclear da nossa sociedade, família como o lugar de garantia ética e moral dos seus membros;
. a LIMA deve agigantar o seu patriotismo para os desafios da afirmação da cidadania plena da mulher angolana. A LIMA deve preparar se para as eleições autárquicas e para a liderança das autarquias deste pais.


A LIMA deve redescobrir formas e continuar como uma Organização guardiã, pedagógica no debate político, social e cultural, para a genuína Reconciliação nacional e a construção da Nação Angolana (realidades infelizmente adiadas e que não constituem prioridade na agenda de quem governa hoje o país);

Exorto este Congresso a aprovar linhas mestras para a revitalização da Alvorada como Viveiro do Partido e da Nação, observando os considerando jurídicos da Criança, ajudando a fazer crescer homens partícipes e transformadores positivos da nossa sociedade.


Deixei para o fim, os meus parabéns às 3 candidatas, que juntaram ao seu papel de mães, de cidadãs profissionalmente envolvidas nos desafios da nossa sociedade, a sua disponibilidade para contribuir para a liderança da LIMA e em consequência contribuírem para lideranças do Partido e do país. Saúdo as 3 candidatas pela campanha que efectuaram. Pelos debates em que participaram. Pelo contraditório, pela pluralidade, pela prática da democracia que mostraram saber respeitar e praticar.


O Presidente não tem a sua candidata. As três Candidatas em disputa, são as candidatas do Presidente da UNITA.
Mostraram ao país que estão preparadas para as lideranças nacionais e dignificaram a UNITA.

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