África do Sul organiza encontro de alto nível para discutir instabilidade em Moçambique
“O encontro acontece devido a vários desafios que estamos a enfrentar”, disse à Lusa Chrispin Phiri, porta-voz do ministro da Relações Internacionais e Cooperação da África do Sul, sem avançar detalhes.
Por: Redação
Uma delegação ministerial da África do Sul vai reunir-se, quarta-feira, em Malelane, na província sul-africana de Mpumalanga, com representantes do Governo moçambicano para debater “a atual situação de instabilidade em Moçambique”, anunciaram hoje as autoridades sul-africanas.
“O encontro acontece devido a vários desafios que estamos a enfrentar”, disse à Lusa Chrispin Phiri, porta-voz do ministro da Relações Internacionais e Cooperação da África do Sul, sem avançar detalhes.
De acordo com o porta-voz ministerial, a delegação sul-africana será liderada pelo chefe da diplomacia da África do Sul, Ronald Lamola, e integrará responsáveis dos Ministérios da Defesa, do Interior e do Comércio e Indústria, bem como da Polícia e dos Transportes, assim como da Autoridade Tributária (SARS) e da Autoridade de Gestão de Fronteiras (BMA).
Em comunicado divulgado pelo Ministério das Relações Internacionais e Cooperação da África do Sul, é anunciado que a delegação moçambicana será chefiada pela ministra dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Verónica Dhlovo, que representará as áreas congéneres do país vizinho, visando o encontro “abordar os desafios em Moçambique”.
“Este encontro representa uma oportunidade significativa para a colaboração e o diálogo entre a África do Sul e Moçambique”, lê-se na nota.
O porta-voz ministerial sul-africano considerou que “a atual situação de instabilidade em Moçambique exige consultas adicionais para além das recentes conversações bilaterais sobre a situação de fronteira” entre os dois países.
“Gostaríamos de ver uma desescalada da situação, e um engajamento mútuo”, afirmou, salientando que Pretória “assistirá no que for necessário”.
Depois do encontro, as delegações ministeriais visitarão, à tarde, o posto sul-africano de fronteira de Lebombo, em Komatipoort, segundo o Governo sul-africano.
A principal fronteira entre a África do Sul e Moçambique (Ressano Garcia, do lado moçambicano) é considerada uma das principais rotas de abastecimento do país vizinho, incluindo a capital Maputo.
Esta fronteira tem enfrentado várias interrupções nos últimos dois meses devido aos protestos pós-eleitorais em Moçambique.
O dirigente da Associação de Transitários da África do Sul (RFA, na sigla em inglês), Gavin Kelly, apelou à intervenção do Presidente, Cyril Ramaphosa, estimando em cerca de 10 milhões de rands (532 mil euros) por dia os prejuízos para a economia sul-africana em resultado das atuais manifestações e tumultos no país lusófono vizinho.
Na semana passada, o Presidente de Angola, João Lourenço, instou, em Pretória, a África do Sul a encontrar uma solução regional para a crise de instabilidade “preocupante” que disse estar a afetar Moçambique.
“Gostaria de vos transmitir o interesse da República de Angola e o meu interesse pessoal em desenvolver com a África do Sul linhas de comunicação e consulta permanente, a fim de definir posições e estratégias comuns para a procura de soluções para as diversas crises que surgem na nossa região, como a preocupante instabilidade atualmente verificada em Moçambique devido à não aceitação por parte de um partido dos resultados das últimas eleições gerais realizadas naquele país”, declarou João Lourenço.
O chefe de Estado angolano falava no Union Buildings, em Pretória, no final de um encontro com o homólogo anfitrião, Cyril Ramaphosa, no âmbito da sua primeira visita de Estado à África do Sul.