Delegação da RDC e do M23 reúnem nos próximos dias em Luanda para abordar a paz definitiva

Angola vai iniciar contactos com os rebeldes do M23 para trazer a Luanda delegações deste movimento armado e da República Democrática do Congo (RDCongo) para pôr fim ao conflito no leste deste país.


Por: Redação

A iniciativa, divulgada na página da Presidência angolana, segue-se a uma visita do Presidente democrático-congolês, Félix Tshisekedi, que hoje se encontrou na capital angolana com o seu homólogo angolano, João Lourenço, que tem atuado como mediador no conflito.

O encontro das delegações da RDCongo e do M23 para negociações diretas para alcançar a paz deve ter lugar em Luanda nos próximos dias.

O grupo rebelde Movimento 23 de março (M23) tem avançado no território congolês desde janeiro, altura em que tomou a capital da província do Kivu do Norte, Goma.

Em fevereiro, o M23, que é apoiado pelo Ruanda – segundo a ONU e países como os EUA, a Alemanha e a França -, apoderou-se de Bukavu, a capital estratégica de Kivu do Sul.

O grupo controla agora as capitais destas duas províncias, que fazem fronteira com o Ruanda e são ricas em minerais como o ouro e o coltan essenciais para a indústria tecnológica e para o fabrico de telemóveis.

Desde segunda-feira ocupam um novo território, o distrito de Kaziba, que dista quase 45 quilómetros de Bukavu.

Em 24 de fevereiro, a primeira-ministra da RDCongo, Judith Suminwa, declarou em Genebra que, de acordo com os números do Ministério da Saúde Pública, desde janeiro último o conflito causou a morte de mais de 7 mil pessoas, dos quais cerca de 2.500 foram enterrados sem identificação.

A atividade armada do M23 – um grupo constituído principalmente por tutsis vítimas do genocídio ruandês de 1994 – recomeçou em novembro de 2021 com ataques relâmpagos contra o exército governamental no Kivu do Norte tendo avançado em várias frentes e fazendo temer uma possível guerra regional.

Estima-se que mais de 8.500 pessoas perderam a vida devido à violência contínua, desde janeiro, e aproximadamente 600.000 pessoas foram deslocadas desde novembro de 2024.

O Presidente angolano tem atuado como mediador no conflito na República Democrática do Congo, tendo sido designado pela União Africana como facilitador para promover a paz e a segurança na região e reduzir as tensões entre a RDCongo e o Ruanda.

Sob sua iniciativa, o processo de Luanda tem sido uma plataforma diplomática para uma resolução pacífica do conflito, tendo sido realizadas reuniões envolvendo os dois países e obtido um cessar-fogo de curta duração.

No entanto, apesar dos esforços diplomáticos, a violação do cessar-fogo e a captura de territórios estratégicos pelo M23 tem levado a uma escalada do conflito armado.

Angola assumiu em fevereiro a presidência rotativa da União Africana, mantendo-se João Lourenço como mediador neste conflito.

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