Moçambique: confrontos entre polícia e manifestantes deixam rastos de destruição
Várias artérias centrais de Maputo ficaram marcadas por rastos de destruição ao início da noite desta segunda-feira, 21 de outubro, após várias horas de confrontos entre manifestantes e polícia, e tiros constantes para o ar e de gás lacrimogéneo, em diferentes pontos da capital moçambicana.
Por: Redação
Pelas 18h00 locais (menos uma hora em Angola), já depois de cair a noite, eram visíveis fogueiras e pneus a arder, ainda, em vários ruas onde, durante o dia, se registaram confrontos, com arremesso de pedras e outros objectos por parte de manifestantes e carga policial.
Pedras de todas as dimensões ainda marcam todo o percurso central da avenida Joaquim Chissano, local onde na passada sexta-feira ocorreu o duplo homicídio de dois apoiantes de Venâncio Mondlane, incluindo o seu advogado, Elvino Dias, e para onde o candidato presidencial tinha convocado a saída de uma manifestação para esta segunda-feira, que nunca chegou a acontecer devido à forte intervenção da polícia.
Equipamento publicitário urbano destruído pelas chamas, pneus ardidos e em chamas, paus e contentores do lixo atravessados nas ruas podiam ser vistos na mesma zona e nos bairros envolventes, perante a presença de dezenas de viaturas da polícia, incluindo blindados da Unidade de Intervenção Rápida.
Durante os confrontos várias pessoas ficaram feridas, nomeadamente atingidas pelos disparos de gás lacrimogéneo feitos pela polícia, incluindo pelo menos três jornalistas, tendo o Hospital Central de Maputo convocado para as 09:00 de terça-feira uma conferência de imprensa de balanço.
Segundo apurou o Primeiro Impacto, os confrontos entre a polícia e os manifestantes começaram cerca das 07:30, com a força policial a dispersar os grupos que se começavam a juntar para participarem nas marchas pacíficas.
Mondlane acusou as forças policiais de dispararem “balas verdadeiras” contra manifestantes durante as marchas e afirmou que os moçambicanos juntaram-se para “salvar o país”.
O candidato presidencial convocou as marchas no sábado, como forma de repúdio pelo homicídio de Elvino Dias, seu advogado, e Paulo Guambe, mandatário do partido Povo Otimista para o Desenvolvimento de Moçambique (Podemos), que o apoia.